Marco Santos apresenta álbum de estreia "Ode Portrait"
Marco Santos, com o seu ensemble, apresenta o álbum no domingo, na Casa da Música, no Porto, na próxima terça-feira, no Hot Clube de Portugal, em Lisboa, no dia 23, no Salão Brazil, em Coimbra, e, no dia 25, regressa a Lisboa para atuar no Clube Ferroviário.
Com Marco Santos (percussões e programações) estão Laurens Hoppe (piano), Rui Silva (guitarras acústica e elétrica) e Boris Oud (contrabaixo), o mesmo grupo de músicos com que gravou o álbum constituído por sete temas, todos de sua autoria.
Um grupo que "é para manter, até porque já criámos uma identidade", disse à Lusa o músico, que antevê "a colocação de um trompete" num próximo CD, que "pode até sair, lá para o final do ano".
Em declarações à Lusa, Marco Santos insistiu "numa abordagem própria com os músicos para tocar cada composição, nomeadamente em termos de densidade, procurando, no quarteto, tentar trabalhar em trio ou duo, tocar o contrabaixo com certos efeitos, ou usar uns papelinhos nas cordas da guitarra, o que dá um efeito especial".
O músico afirmou que teve a preocupação de as composições que fazem parte "Ode Portrait" "não se tornarem monótonas, terem uma cadência e um ritmo", tendo contudo "surgido de uma forma muito espontânea".
"O nascer delas é muito espontâneo, não sigo regras, dou liberdade a mim mesmo e deixo fluir essa espontaneidade", disse o músico que revelou que "o piano é o instrumento onde compõe".
"Se a parte inicial é espontânea, quase sempre ao piano, a parte dos arranjos e da orquestração, aí sim, sigo o meu raciocínio musical, e há regras", acrescentou.
Referindo-se ao álbum, editado pela Sintoma Records, o músico afirmou que "é uma viagem pessoal", na qual foi construindo "vários universos e ambientes", e procura que "as passagens entre os diferentes temas se encadeiem".
Como exemplo "mais flagrante", cita os temas 05 e 06, "Relapse & Reseet", que "originalmente eram para ser uma só peça, mas muito grande" - o ritmo mais lasso do primeiro antecipa a cadência mais enérgica do segundo, que "surge como resposta", explicou.
Marco Santos afirmou à Lusa que este álbum "é uma declaração" de si próprio, "independentemente do que o sistema" lhe permitir fazer. "Quero é continuar a fazer aquilo que sinto, o que tenho dentro de mim e que me sai espontaneamente", enfatizou.
A mensagem do CD é "uma introspeção para que as pessoas se encontrem nelas próprias, [para] que ouçamos a nossa voz interior e não nos deixemos levar pela voz exterior do sistema", tanto mais que "a música é uma das artes mais poderosas de forma a unir as pessoas e a fazê-las encontrarem-se".
O músico vive atualmente na Holanda, mas salientou que a mudança de país não foi essencial para gravar o álbum - tanto mais que anteriormente trabalhou com vários coreógrafos e fez música, desde jazz a cabo-verdiana - mas ajudou, pois deu-lhe "margem de manobra" para se estudar a si próprio.
"Há dois anos e meio, um período muito intenso da minha vida obrigou-me a pensar e a reformular profissionalmente, mudei um pouco e decidi dar mais atenção à minha voz, como músico, às minhas composições e não apenas a trabalhar nos projetos dos outros".